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Regimes específicos e favorecidos com a Reforma Tributária: saúde, educação e combustíveis

Nem tudo será igual com a reforma tributária: alguns regimes específicos serão favorecidos, como os setores de saúde e educação

 

A Reforma Tributária do Consumo estabelece um sistema de tributação mais simples, neutro e transparente e adota o modelo de tributação ampla e não cumulativa (CBS e IBS), mas mantém regimes específicos e favorecidos para alguns setores considerados essenciais ou estratégicos à economia nacional.

 

Os principais beneficiados são os segmentos de saúde, educação e combustíveis, que terão tratamento diferenciado para assegurar acessibilidade, neutralidade econômica e estabilidade de preços.

 

Os setores de saúde, educação e combustíveis continuam com tratamento favorecido, garantindo acessibilidade e estabilidade econômica

Essas exceções visam ajustar a aplicação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) a realidades que demandam tratamento diferenciado.

  

Por que existem regimes específicos?

 

O princípio geral da Reforma é a neutralidade tributária, ou seja, o imposto deve incidir igualmente sobre bens e serviços, evitando distorções.


Entretanto, setores considerados estratégicos ou de interesse público — como saúde e educação — receberão reduções de alíquota ou regimes especiais de apuração.

 

Já no caso de combustíveis, energia elétrica e telecomunicações, o tratamento específico busca evitar oscilações abruptas de preço, garantir previsibilidade fiscal e manter a competitividade nacional.

  

1️⃣ Regime específico da saúde


O setor de saúde — que engloba hospitais, clínicas, laboratórios e planos de saúde — foi reconhecido como atividade essencial e receberá alíquota reduzida no IBS e CBS.

 

Além disso, instituições filantrópicas e entidades sem fins lucrativos da área da saúde poderão solicitar isenção total, mediante habilitação junto ao Comitê Gestor do IBS (CGIBS) e à Receita Federal.

 

Oportunidade: hospitais e clínicas devem revisar contratos e modelos de faturamento, uma vez que os créditos financeiros de IBS/CBS poderão ser aproveitados integralmente, inclusive sobre insumos e serviços auxiliares (energia, limpeza, segurança, etc.).

 

⚕️ Principais pontos:

 

·         Redução de até 60% da alíquota-padrão (art. 322, LC nº 214/2025);

·         Aplicável a serviços hospitalares, ambulatoriais e de diagnóstico;

·         Crédito financeiro integral mantido para todos os insumos e serviços;

·         Imunidade às exportações de serviços médicos e telemedicina.

 

💡 Exemplo prático:

Um hospital que hoje paga cerca de 9,25% de PIS/Cofins sobre serviços poderá, com o novo modelo, ter carga efetiva de 4% a 5% após a redução.

 

📘 Importante:

Planos de saúde também terão alíquota reduzida, mas precisarão adaptar sistemas de apuração para diferenciar as operações isentas e tributadas.

 

 2️⃣ Regime específico da educação: continuidade do benefício e crédito integral

 

O setor educacional — escolas, universidades e cursos técnicos — seguirá com redução de alíquota e pleno direito a crédito financeiro.

 

Esse regime busca preservar o acesso à educação e evitar repasses excessivos de custos tributários às mensalidades escolares.

 

🎓 Principais regras:


·    Redução de 60% da alíquota combinada (CBS + IBS) (art. 324, LC nº 214/2025);

·    Abrange educação básica, superior e profissionalizante;

·    Instituições sem fins lucrativos mantêm isenção plena;

·   Serviços educacionais digitais (EAD e plataformas) passam a ter o mesmo tratamento da educação presencial.

 

Além disso, bolsas de estudo e programas públicos de ensino continuarão isentos. As instituições privadas devem, entretanto, comprovar destinação social e regularidade fiscal para manter o benefício.

 

💬 Efeito prático:

O novo modelo acaba com distorções que penalizavam instituições de ensino híbrido ou com operações interestaduais — agora, o crédito é amplo e uniforme, independentemente do local da prestação.

 

💡 Dica prática:

O setor educacional deverá revisar o tratamento fiscal dos materiais e serviços terceirizados, aproveitando créditos de IBS/CBS para reduzir o custo final de operação.

 

 3️⃣ Regime monofásico de combustíveis e energia

 

Para os setores de combustíveis, gás natural, biocombustíveis e energia elétrica, a Reforma estabelece um regime monofásico de tributação, isto é, o imposto será cobrado apenas na produção ou importação, evitando cumulatividade ao longo da cadeia.

 

Nesse modelo, o IBS e a CBS são recolhidos na origem, normalmente pelo produtor ou importador, e não há crédito nas etapas seguintes. A medida visa simplificar a cadeia de abastecimento, evitar cumulatividade e garantir estabilidade de preços.

 

As alíquotas monofásicas serão definidas por produto e poderão variar conforme impactos ambientais ou emissões de carbono, integrando o Imposto Seletivo (IS) quando aplicável.

 

⛽ Características principais:

 

·         Tributação concentrada na refinaria ou importador (art. 326, LC nº 214/2025);

·         Distribuidores e postos revendedores não recolhem IBS/CBS, apenas repassam o valor no preço final;

·         Manutenção de regime específico de compensação entre Estados via Comitê Gestor do IBS;

·         Alíquotas uniformes nacionais, revisadas semestrais pelo Senado Federal.

 

🔋 Impacto esperado:

 

·         Maior estabilidade nos preços de gasolina, etanol e diesel;

·         Fim da guerra fiscal entre estados produtores e consumidores;

·         Simplificação na apuração de créditos e ressarcimentos das distribuidoras.

 

Importante:

O modelo monofásico também poderá ser revisto anualmente pelo Comitê Gestor do IBS, considerando variações de mercado e políticas de transição energética.

  

Outros setores com regimes específicos

 

A LC nº 214/2025 também lista outros setores com regras diferenciadas, incluindo:

 

Setor

Tipo de tratamento

Transporte coletivo público

Alíquota zero (art. 319)

Agropecuária

Crédito presumido em exportações

Comunicação e cultura

Alíquota reduzida para produção nacional

Construção civil

Regime de apuração simplificada

Zonas incentivadas (Sudam/Sudene)

Manutenção de benefícios regionais até 2033

 

Essas exceções têm como objetivo evitar aumento abrupto de carga tributária e garantir competitividade setorial durante a transição.

  

Como as empresas devem se preparar: estratégias de adequação e planejamento

 

Empresas dos setores de saúde, educação e energia devem se antecipar e:

 

1.  Mapear o enquadramento tributário e verificar se a empresa está entre os segmentos com redução de alíquota ou regime monofásico.

2.    Atualizar o ERP fiscal para identificar códigos de alíquota reduzida;

3.    Simular o impacto das novas bases de crédito financeiro;

4.    Acompanhar regulamentações complementares do Comitê Gestor do IBS;

5.    Revisar contratos de longo prazo com base em nova estrutura de preços líquidos.

 

📊 Dica Simeona: use o ano de 2026 (fase de teste CBS/IBS) para validar se seus produtos e serviços estão classificados corretamente nas tabelas de regime diferenciado.

 

 Benefícios e oportunidades

 

A criação dos regimes específicos tem como objetivo preservar a competitividade de setores essenciais sem comprometer a neutralidade do novo sistema.

 

Empresas que anteciparem a revisão de suas operações, cadastros e sistemas fiscais poderão:

 

·         Reduzir carga tributária efetiva;

·         Ampliar crédito financeiro;

·         Evitar enquadramentos incorretos;

·         Melhorar previsibilidade de custos e margens.

 

 

Conclusão: regimes específicos equilibram essencialidade e simplicidade

 

A reforma tributária trouxe um sistema mais simplificado, mas também reconhece que regimes específicos exigem tratamento diferenciado, como os setores de saúde, educação e combustíveis continuam com tratamento favorecido, garantindo acessibilidade e estabilidade econômica, enquanto o país avança para um modelo de tributação neutra e simplificada.

 

Para estes setores, as mudanças trazidas pela reforma representam uma oportunidade de reorganizar custos, garantir competitividade e fortalecer o papel social das empresas.

 

Empresas que se anteciparem às novas regras terão vantagem competitiva e maior segurança jurídica na transição, mas o momento de ajuste  ideal é agora, e compreender as particularidades do seu setor é o primeiro passo.


Entenda como sua empresa pode se beneficiar dos regimes específicos da Reforma Tributária: Agende uma consulta sobre regimes tributários diferenciados.



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