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📊 Como revisar preços e margens com a chegada da reforma tributária

Atualizado: há 3 dias

 

O novo cenário tributário: CBS e IBS substituem cinco tributos

 

A Reforma Tributária cria um novo sistema de tributação sobre o consumo. A partir de 2027, a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) substituirão gradualmente PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI, até a plena vigência em 2033.


ajustar preços com base em dados concretos, reduzindo o risco de distorções

 

A simplificação altera completamente a estrutura de formação de preços e margens de lucro nas empresas brasileiras

 já que:

 

  • A base de cálculo passa a ser o valor total da operação, com incidência no destino (onde ocorre o consumo).

  • O sistema será não cumulativo pleno, com crédito financeiro integral sobre aquisições.

  • O recolhimento será automático via split payment, reduzindo o efeito de caixa.

 

Essas três variáveis alteram diretamente margens, markups e precificação final de produtos e serviços e empresas que não recalcularem suas margens e preços de venda podem enfrentar erros de precificação, perda de competitividade e até distorções contábeis

  

Como a reforma tributária impacta a formação de preços

 

No modelo atual, a complexidade da apuração e a cumulatividade parcial dos tributos geram margens distorcidas.


A carga tributária do consumo passará a ser apurada com base em dois novos tributos:

 

·   CBS (federal) — que substituirá PIS e COFINS;

·   IBS (estadual e municipal) — que substituirá ICMS e ISS.

 

Com a CBS e o IBS, o imposto deixa de ser custo e passa a ser neutro, pois tudo o que for pago em uma etapa pode ser creditado integralmente na etapa seguinte.

 

🔹 Sistema atual (2025)


  • PIS/Cofins: cumulativos para parte dos setores (3,65%) e não cumulativos para outros (9,25%).

  • ICMS e ISS: variam por estado e município (12%–19% e 2%–5%).

  • Regimes diferenciados e substituição tributária distorcem margens.

  • Créditos restritos: apenas insumos “essenciais e relevantes” geram crédito.

 

🔹 Novo modelo (2026–2033)


  • CBS e IBS com alíquotas únicas, definidas nacionalmente.

  • Crédito financeiro amplo (qualquer aquisição usada na atividade).

  • Base no destino (tributo segue o consumo).

  • Transparência e automatização total do recolhimento.

 

Na prática, o custo tributário médio tende a diminuir nas etapas intermediárias e aumentar na etapa final, tornando o preço final mais transparente para o consumidor

 

 

Simulação prática: como recalcular preços e margens

 

Para entender o impacto real, veja um exemplo comparativo simplificado:

  

Etapa

Modelo atual

(PIS/Cofins + ICMS + ISS)

Novo modelo

 (CBS + IBS)

Receita líquida

R$ 100,00

R$ 100,00

Carga tributária média

18% (ICMS) + 3,65% (PIS/Cofins) = 21,65%

26%

(CBS + IBS estimado)

Crédito sobre

insumos

10% limitado (parcial)

26% integral

(crédito financeiro)

Carga efetiva

21,65% – 10% = 11,65%

26% – 26% = 0% (neutro)

Resultado líquido

Margem comprimida

Margem preservada e previsível

 

📊 Interpretação:


Embora a alíquota combinada do novo modelo pareça maior, o crédito integral neutraliza o impacto, reduzindo distorções e eliminando “imposto sobre imposto”.

 

No novo sistema, cada elo paga apenas sobre o valor adicionado, e todas as etapas anteriores são compensadas via crédito. Isso exige um reajuste técnico das margens de lucro, para evitar super precificação (perda de mercado) ou sub-precificação (redução de rentabilidade).

 

 

Estratégias de precificação para o novo modelo

 

✅ 1. Recalcule o markup líquido

O markup deverá ser ajustado considerando que os tributos não são mais custo, mas variáveis neutras no preço final.

Foque em margem de contribuição real, não na alíquota nominal.

 

✅ 2. Segmente produtos e operações

Identifique:

  • Produtos sujeitos ao Imposto Seletivo (IS) — podem ter impacto adicional.

  • Operações com cashback, que afetam o consumo no varejo alimentar.

  • Exportações, que permanecem imunes (art. 16 da LC nº 214/2025).

 

✅ 3. Revise contratos e tabelas de preço

Negocie cláusulas de repasse e revise políticas de reajuste para garantir equilíbrio de margens durante a transição 2027–2032.

 

✅ 4. Ajuste o fluxo de caixa

Com o split payment, o imposto será recolhido automaticamente no pagamento. Isso exige planejamento de liquidez e integração com o ERP fiscal.

 

 

O crédito financeiro como ferramenta estratégica

 

A Reforma cria um ambiente de apuração automatizada, com conciliação eletrônica de créditos e extrato digital de débitos e créditos, conforme o conceito de Apuração Assistida descrito no Glossário da Reforma Tributária.

 

Isso permitirá às empresas analisar em tempo real a carga tributária efetiva por produto e ajustar preços com base em dados concretos, reduzindo o risco de distorções e aumentando a eficiência fiscal.

 

 

Erros comuns na reprecificação

 

Durante a adaptação, muitos negócios podem incorrer em erros como:

 

· Ignorar créditos sobre despesas operacionais (frete, energia, serviços administrativos).

·  Manter margens antigas sem considerar a nova base líquida de custo.

·  Deixar de atualizar sistemas fiscais e notas técnicas (IBS/CBS).

· Calcular preços com base em alíquotas nominais e não na alíquota efetiva de referência

 

 

Conclusão: margens mais justas e previsíveis


O modelo CBS/IBS permitirá precificação baseada em valor agregado real, sem distorções de origem ou cumulatividade. A revisão de preços e margens com a chegada da reforma tributária e o modelo IBS/CBS não é apenas uma obrigação técnica — é uma oportunidade estratégica.

 

Empresas que entenderem rapidamente a nova dinâmica de crédito financeiro e tributação por destino e que recalcularem suas margens com antecedência terão vantagem competitiva na transição com uma melhor na gestão de rentabilidade.

 

A Reforma Tributária traz desafios operacionais, mas reduz a incerteza tributária e melhora o ambiente competitivo, inaugurando uma era de transparência e neutralidade fiscal. E isso exige, desde já, planejamento de preços, margens e tecnologia fiscal integrada.

  

Sua empresa já está se preparando para o impacto do IBS e da CBS e organizando o novo modelo de precificação dos seus produtos?

 

 

 

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